1º Fórum Brasil-China de Saúde foi lançado no Hospital Sírio-Libanês

Evento reuniu autoridades, especialistas, profissionais, gestores públicos e privados da China e do Brasil

Com a participação de 60 lideranças, foi lançado no dia 14 (quarta-feira), às 9h, o 1º Fórum Brasil-China de Saúde (FBCS), uma iniciativa da Puyi Global, com apoio do Hospital Sírio-Libanês. O evento foi realizado de forma física e on line, com participantes diretamente da China e de todas as regiões do Brasil.

Na abertura, Patrícia Zhao Chengcheng, CEO da Puyi Global, destacou a importância estratégica da iniciativa: “O setor de saúde é estratégico e gera emprego e renda, além de novas oportunidades em tecnologia e desenvolvimento. Brasil e China já são grandes parceiros, mas podem avançar muito no setor de saúde, principalmente, no combate à pobreza e na qualidade e bem estar de vida de seus povos. Dessa forma, é estratégico pensar nas perspectivas do setor de saúde nos próximos anos, com foco no Brasil e na China, mas de uma forma transversal com o mundo, em curto, médio e longo prazo”, registrou Zhao.

Em texto de Carta Proposta, lida por Zhao, é destacada também a importância deste diálogo. “A partir de um diálogo construtivo envolvendo autoridades, profissionais, especialistas, empresários, gestores públicos e privados, lideranças, empreendedores, entre outros, para debater as oportunidades do setor que mais cresce no mundo”.

Parceria com o Sírio-Libanês e entidades do Brasil e da China

Na abertura do evento, o CEO do Hospital Sírio-Libanês, Paulo Nigro lembrou da origem do grupo, hoje um dos mais admirados do Brasil e do mundo, enfatizando a grandeza que juntou suas fundadoras, também estrangeiras no Brasil,  em pensar um serviço na área de saúde. “O sírio fez 100 anos e fomos fundados por um grupo de senhoras da colônia sírio-libanesa, em agradecimento ao acolhimento que receberam do povo de são Paulo. Agora, depois de 100 anos, estamos acolhendo um povo que esta a mais de 200 anos no Brasil. Vejo a história se repetindo”.

Para Nigro, uma coisa não mudou em cem anos: “A nossa solidariedade, nossa  excelência e nossos resultados, que são nossos valores”, destacou o CEO do Sírio-Libanês, que concluiu dizendo que este trabalho tem a simplicidade em três palavras: “vida plena e digna”, no que está a disposição para ajudar nesta iniciativa do Fórum.

Rafael Maganete, diretor de Relações de Mercado e Expansão do Hospital Sírio-Libanês, falando em mandarim, agradeceu a presença dos participantes, destacando: “É um prazer para nós iniciarmos essa relação junto com a China para apoiar e prestar o melhor atendimento médico e hospitalar no Brasil e ser o ponto de referência para rodos os chineses”, concluiu.

Meheco: gigante chinesa apoiadora do Fórum

Uma das 500 maiores empresas do mundo, a China Meheco Corporation, representada pelo diretor geral no Brasil, Leonardo Xu, foi uma das empresas chinesas que estiveram presentes no Fórum. Com escritórios no Rio de Janeiro, Xu viajou até São Paulo para falar na abertura. “Nossa empresa já atua no Brasil, com muitos parceiros. E acreditamos que podemos expandir essa atuação. Somos uma das maiores empresas da china e uma das maiores empresas do mundo. Temos tecnologia e podemos colaborar nessa aproximação do Brasil com a China. Essa iniciativa do Fórum está em acordo com nossas propostas, de aproximação e solução inteligentes para os mais variados grupos e gestores de saúde no Brasil”, enfatizou Xu, que espera poder conhecer os participantes, suas instituições e buscar parcerias concretas e que possam ajudar as pessoas.

Participantes na China

Diretamente da China, o Fórum teve participações importantes. Entre elas da Dra. Yangye, secretária geral da Fundação Hengji de Desenvolvimento de Saúde de Pequim,  que destacou estar “muito feliz por ter sido convidado a participar o Fórum”. Dra. Yangye lembrou que durante a pandemia global e o período de prevenção e controle da pandemia,a Fundação de Administração de Saúde Beijing Hengji conseguiu forte apoio do  Gabinete Municipal de Relações Exteriores de Pequim, da Administração Municipal de Pequim de Medicina Tradicional Chinesa e da Embaixada da China no Brasil e do Consulado da China no Rio de Janeiro para lançar uma Ação de Assistência ao Exterior de MTC Pequim e, juntamente com empresas nacionais de MTC, doou materiais de prevenção epidêmica da MTC ao Brasil.  No ano passado, encomendado pelo Departamento de Cooperação Internacional da Administração Estatal de Medicina Tradicional Chinesa, foi realizada uma série de seminários sobre cooperação antipandemia internacional na medicina tradicional chinesa entre a China e Brasil. Dra. Yangye co-organizou quatro teleconferências com a Agência de Promoção de Investimentos do Estado de Minas, com foco na cooperação antiepidêmica da medicina tradicional, cooperação industrial, comércio e educação.

A cooperação foi intensa, segundo a Dra. Yangye, destacando a parceria com a presidente do Fórum Brasil-China, Patrícia Zhao, e do Sírio-Libanês. “As 8 províncias irmãs da China, estados e cidades interagiram. Nesse período, com a ajuda do presidente Zhao Chengcheng, organizamos professores do Hospital de Medicina Tradicional Chinesa de Pequim e especialistas do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo, um dos mais famosos do Brasil, para conduzir discussões sobre projetos de pesquisa clínica, que muito promoveram o intercâmbio e a cooperação na medicina tradicional entre China e Brasil”, destacou Lili, que antecipou que está ansiosa por 2023, em que a Fundação Hengji continuará a se esforçar para o intercâmbio e a cooperação da medicina tradicional entre a China e Braisl!

Outra participação importante foi da Dra. Lili, professora e diretora do Centro de Recursos do Instituto de Medicina Tradicional Chinesa de Pequim, e também representante do projeto “New Era Shennong Tasting Herbs Project” de Administração de Medicina Tradicional Chinesa de Pequim, que disse ser “um grande prazer participar do primeiro Fórum Brasil China de Saúde”.

Segundo a Dra. Lili, a cultura tradicional chinesa tem uma longa história de cinco mil anos. Embora tenha sofrido muitos desastres naturais e guerras, a China conseguiu transformar a crise em segurança repetidas vezes. A medicina tradicional chinesa deu uma contribuição significativa para isso. Portanto, a necessidade de demanda por recursos de plantas medicinais tradicionais está crescendo e é um dos maiores do mundo. “O Brasil possui recursos fitoterápicos únicos no mundo. Existem espécies de plantas extremamente ricas no Brasil. Existem quarenta mil espécies de plantas superiores sozinhas e sete mil espécies de plantas lenhosas. No futuro, esperamos intercâmbios e cooperação com líderes e colegas em os seguintes aspectos”, enfatizou a Dra. Lili, que ainda destacou os pontos mais importantes para os próximos passos de colaboração entre os dois países:

“1. Realizar a promoção e desenvolvimento de plantas medicinais brasileiras na China e cooperar com a outra parte para organizar e implementar atividades relevantes, como pesquisa em medicina tradicional, popularização de conhecimento, intercâmbio de especialistas, treinamento profissional, e muito mais

2. Promover o intercâmbio de pessoal entre o Brasil e a China na área da medicina, organizar e coordenar o intercâmbio e a cooperação entre as instituições bilaterais de pesquisa científica, ensino e medicina e proporcionar facilidades para convite, recepção e consultoria;

3. Planejar e organizar o intercâmbio cultural médico tradicional e atividades publicitárias, como a Exposição Fotográfica de Plantas Medicinais China-Brasil e Horta Chinesa nos dois países.”

Por fim, também falando da China, a diretora de vendas da empresa Chongqing Haifu Medical Technology co.,Ltd, Chen Ying Ying, fez uma breve apresentação de seus produtos, com desataque para um equipamento de “faca de ultrassom”, que opera com pouca invasão, que sua tecnologia para tratamento de tumores, o que facilita o processo de cirurgia e baixa custos para a rede de saúde. Além de ter mais precisão no tratamento. “Estamos a disposição e queremos apresentar nossos produtos e fazer muitas parcerias com o Brasil”, finalizou Ying.

Do Brasil, encerrando as falas dos chineses, Tian Bin, profissional de mídia online, representante chinês, que esteve fisicamente no evento, que tem por obrigação, por estar no exterior, neste caso no Brasil, de se tornar uma ponte “para a cooperação entre a China e o Brasil no campo da assistência médica não governamental e de fazer seus próprios esforços para aprofundar o entendimento e as trocas entre os lados.       

Falas dos representantes do Brasil

A participação do Brasil reuniu representantes de importantes entidades e gestores públicos e privados. Abrindo as falas, o Dr. Marcio Pochmann, professor titular da Unicamp, ex-presidente do Ipea, e atual presidente do Instituto Lula, destacou a importância da iniciativa, ressaltando que essa parceria Brasil e China precisam avançar. “Há uma necessidade de se produzir conhecimento e precisamos de pesquisas aplicadas para que se conheçam os desafios e as oportunidades que estão colocadas e que podem ajudar na melhora da saúde e da qualidade de vida das pessoas. No que temos certeza do impacto no combate à pobreza, como está sendo feita nos dois países, em especial na China. Temos muito a aprender e colaborar juntos”, disse Pochmann, que colocou o instituto à disposição para os próximos passos do fórum.

O assessor parlamentar Gilson De Carli, que foi presidente da Associação dos Municípios da Zona da Produção – AMZOP, ex- prefeito da cidade de Liberato Salzano no Rio Grande do Sul, agradeceu o convite e lembrou aos presentes sua participação como líder de uma missão representando mais de 80 municípios gaúchos, que estiveram na China em busca de parcerias. “A área de saúde é um gargalo que precisamos enfrentar diariamente. Há falta de recurso, mas também de gestão tecnológica. No que a china pode nos ajudar. E também na troca de experiências em tratamentos preventivos”, disse De Carli, que espera colaborar com o Fórum.

Presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Estado do Ceará, Sayonara Moura de Oliveira, fisioterapeuta, secretária municipal de Saúde do município de Baturité-CE, considerou relevante a criação do Fórum e fez o registro de muitas parcerias já realizadas, inclusive, com o Sírio-Libanês. “é muito importante esta iniciativa e esperamos colaborar, trazendo parcerias para nossa cidade e estado”, afirmou a secretária.

Antônio Marangom, professor aposentado, ex-deputado Federal-RS e ex-prefeito de Palmeira das Missões-RS, emocionou-se em sua fala, ao lembrar que era um sonho trazer a universidade para sua cidade. “Palmeira fica a 400km de Porto Alegre, o que tínhamos uma necessidade de ter um hospital aqui na cidade. E também ter uma estrutura universitária. Então hoje nesta reunião eu fico feliz de poder ver o campus da UFSM em Palmeira e podemos falar sobre Saúde”, registrou Marangom, que espera contribuir com o Fórum e ajudar na articulação com outros gestores e pessoas da área.

Representando a etinia Sateré Maué, uma das mais importantes da Amazônia, a Dra. Elisângela Sateré, naturopata indígena, destacou a proximidade entre os chineses e indígenas brasileiros. “Somos parentes! Nós temos a mesma cultura de cuidados com a saúde, usando as plantas medicinais. Temos muito que trocar e aqui temos muitas plantas e muitas técnicas que queremos divulgar e produzir para outros países, em especial a China”, disse a Dra. Elisângela  

Grande parceiro da China, em especial na articulação deste Fórum, que ajudou a aproximar os convidados do sul, entre eles representantes da UFSM e da cidade de Palmeira das Missões, Romário Rossetto, dirigente fundador do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), pontou que o tema da saúde é prioridade e que a produção de alimentos é estratégica. Lembrou de sua ida na China e da busca de soluções já realizadas na área piloto de fitoterápicos. “O Fórum chega em bom momento, em que precisamos de um novo modelo de saúde e de alimento. Já tivemos uma experiência piloto e temos que avançar usando tecnologia, aproximando a universidade do produtor, dos gestores de saúde, da população da informação sobre a importância de uma nova visão sobre o uso da terra e como ela pode curar as pessoas”, enfatizou Rosseto, que tem articulado uma parceria entre a China e o Brasil para criar um piloto de produção de fitoterápicos como commodities, o que seria um avanço no sistema de produção nacional, com impacto na geração de emprego e renda.        

João Césari Nardin Stefani, secretario de Agricultura do Município de Palmeira das Missões-RS, lembrou de sua experiência também com o projeto de fitoterápicos na sua cidade, e que agora pretende ajudar nesta nova fase com o Fórum Brasil China de Saúde. “Precisamos juntar forças para tirar do papel o projeto de produção e uso de fitoterápicos. As prefeituras precisam muito de apoio na área de saúde”, disse Stefani, que deseja colaborar nos grupos criados.

Representando o reitor da Universidade Federal de Santa Maria, Paulo Bayard, diretor de Relações Internacionais da UFSM, destacou a importância do Fórum e disse que a universidade já tem muitas parcerias com a China, desde a área de ensino de mandarim a intercâmbios com entidades chinesas da área de saúde. “Nossa instituição, com todo nosso corpo técnico, está a disposição para contribuir nesta agenda do Fórum. Temos condições de fazer trocas, usando nossa experiências nos diversos projetos que somos referência no Brasil e podemos desenvolver mais projetos com a China”, destacou Bayard, que citou a importância deste momento para nascimento do Fórum.

O Prof. Dr. Daniel Ângelo Sganzerla Graichem, vice diretor da UFSM Palmeira das Missões-RS, agradeceu a possibilidade desta parceria com a China, detalhando os espaços hoje existentes na universidade para se criar os projetos de produção de fitoterápicos, além de outros projetos de intercâmbios. “Temos as condições técnicas e de pessoal para colaborar no Fórum em ações que ajudem os dois países”, concluiu Graichem.

Os representantes e parceiros do Hospital Santo Antônio de Tenente Portela, no Rio Grande do Sul, liderados pela sra. Mirna Teresinha Kinsel Braucks, voluntaria da Associação Hospitalar Beneficente Santo Antônio Tenente Portela-RS, que já esteve na China para aproximar o setor de saúde brasil e China, destacou a importância da criação do Fórum, mas registrou que sua entidade está aberta a ações práticas, pois já possuem demandas urgentes, em função de atender uma região muito necessitada serviços de saúde, inclusive, os indígenas. “Nosso trabalho é referência aqui no estado, temos um corpo técnico preparado para iniciar esse intercâmbio. E pensamos que Portela, apesar de seu tamanho, uma cidade com menos de 15 mil habitantes, pode ser um modelo perfeito para o projeto piloto do hospital digital”, afirmou Mirna, que lembrou de sua visita na China, que os chineses mostraram que grandes ações nacionais, antes foram testadas em pequenas cidades.

A fala de Mirna foi seguida das considerações de Alpheu Ferreira do Amaral Junior, da área técnica das práticas integrativas e complementares do SUS, da Secretaria Estadual de Saúde-RS; de Ana Lúcia G. Amaral, da divisão das Políticas dos Ciclos de Vida do Departamento de Atenção Primária e Políticas de Saúde/SES-RS; do  Dr. Roberto C. Ruiz, médico do Trabalho da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC e consultor sindical em saúde do trabalhador; e de Júlio Marchi, médico e mestre em saúde pública.

8 Eixos de trabalho do Fórum

Em nome todos os presentes e de quem não pôde participar, Patrícia Zhao agradeceu mais uma vez por acreditarem nesta iniciativa. E pediu a todos para contribuir com a participação em um dos oito grupos criados pelo Fórum:

1 – PRODUÇÃO, COMERCIALIZAÇÃO E USO DE FITOTERÁPICOS;

2 – HOSPITAL DIGITAL, COM O OBJETIVO DE CRIAR UNIDADES NO BRASIL;

3 SAÚDE INTELIGENTE, SOLUÇÕES DE GESTÃO E EQUIPAMENTOS TECNOLÓGICOS;

4 – COMPRA E VENDA DIRETA DE PRODUTOS E SERVIÇOS;

5 – PESQUISA E DESENVOLVIMENTO;

6 – FORMAÇÃO – ESPECIALIZAÇÕES, CURSOS E TREINAMENTOS;

7 – MISSÕES TÉCNICAS BRASIL-CHINA;

8 –  PUBLICAÇÕES TÉCNICAS. 

Zhao adiantou que já por meio do Fórum já está organizando agendas especificas de parcerias, entre elas com o próprio Hospital Sírio-Libanês, com o Hospital Santo Antônio, com a Universalidade Federal de Santa Catarina, com os agricultores e suas lideranças. O Fórum também está aberto a dialogar com o Conselho de Secretários do Ceará, da representação do estado do Mato Grosso, e também com as lideranças dos Saterés Maués, da Amazônia, bem como de outras entidades, empresas, governos, que aqui estiveram presentes.

Patrícia Zhao indicou como coordenador do Fórum o jornalista e consultor Daniel Castro, que é o canal para agendas e divulgação das próximas atividades. Por fim, a presidente concluiu que o Fórum é para trabalhar projetos, tirar do papel e tornar realidade. pois a saúde é um bem humano.

“SE VOCÊ TEM UMA LARANJA E TROCA COM OUTRA PESSOA QUE TAMBÉM TEM UMA LARANJA, CADA UM FICA COM UMA LARANJA. MAS SE VOCÊ TEM UMA IDEIA E TROCA COM OUTRA PESSOA QUE TAMBÉM TEM UMA IDEIA, CADA UM FICA COM DUAS”

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