77 anos após a rendição do Japão, Kishida diz que o país nunca mais irá travar uma guerra

Mesmo com ameaças ao caráter pacifista da constituição japonesa e recordes no orçamento militar, o primeiro-ministro Fumio Kishida afirma que o Japão nunca mais irá travar uma guerra.

Sem fazer menção às agressões do Japão aos países da Ásia, o primeiro ministro do Japão, Fumio Kishida, discursou na Cerimônia Memorial Nacional dos Mortos de Guerra, sobre os 77 anos do final da II Guerra Mundial.

Em seu discurso, Kishida foi enfático ao afirmar que, ainda que continuemos “em um mundo de constante conflito”, irá depositar todos seus esforços em vários problemas enfrentados pela sociedade internacional sob a bandeira do “pacifismo ativo”:

“Nós nunca iremos repetir os horrores da guerra”

“Nunca repetiremos os horrores da guerra. Continuaremos a aderir a este compromisso resoluto. Em um mundo ainda de constante conflito, o Japão, sob a bandeira do pacifismo ativo, fará o máximo para resolver os vários problemas que o mundo enfrenta, trabalhando em conjunto com a comunidade internacional.”

A campanha imperial do Japão encerrou em 15 de agosto de 1945, com a rendição do país que cessaria seis anos de conflito aberto e meio século de dominação. Com a ocupação americana, muitos dos territórios conquistados pelo Japão desde o início do seu expansionismo seriam herdados pelo EUA.

A bandeira do “pacifismo ativo”, no entanto, está em risco. Mesmo com a recusa da população japonesa em alterá-la durante o governo de Shinzo Abe, o caráter pacifista da constituição japonesa segue sendo atacado pela oligarquia política de Tokyo ligada ao partido de Kishida, o Partido Liberal Democrata (PLD).

Com o assassinato do ex primeiro ministro no mês passado, aliados do PLD conseguiram maioria nas eleições proporcionais ocorridas no dia seguinte. Em discurso, Kishida prometeu levar a cabo as reformas constitucionais que Abe não conseguiu cumprir em vida.

Em junho, Kishida também prometeu fixar o orçamento de defesa do Japão em 2% do PIB, o que faria o Japão sair da disputa pela oitava posição com a Alemanha para se consolidar como o terceiro maior gasto militar do planeta.

https://china.org.br/japao-anuncia-orcamento-militar-recorde-e-usa-expansao-chinesa-como-pivo/

Historiadores criticam o Japão por não ter até hoje levado a cabo uma política semelhante à desnazificação da Alemanha e fazer pouco de seu passado de crimes de guerra.

No último dia 13 de agosto, membros do gabinete de Fumio Kishida visitaram o polêmico Santuário Yasukuni onde heróis nacionais, dentre os quais 14 criminosos de guerra, são endeusados.

Com a proximidade da data, políticos japoneses que negam o passado agressor do país começam a fazer declarações públicas acusando a mídia de mentir sobre fatos históricos. Tomagami Toshio, ex-candidato ao governo de Tokyo, afirmou em seu twitter que o Japão nunca lutou com países asiáticos:

“Todos os anos, quando se aproxima o 15 de agosto, os meios de comunicação de massa começam a criticar o Japão, dizendo que o Japão lutou uma guerra que não precisava lutar, que lutou uma guerra que sabia que perderia, que invadiu a China, a península coreana e o Sudeste Asiático. São mentiras. A guerra não foi causada pelo Japão. Não lutamos com países asiáticos. Eles lutaram contra as nações brancas que os colonizaram”

As diplomacias da China e da Coréia do Sul já expressaram sua preocupação com a dificuldade do Japão em lidar com o passado, e com frequência criticam as visitas de altos funcionários do governo japonês ao santuário de Tokyo.

“Instamos o lado japonês a reconhecer e refletir profundamente sobre sua história de agressão”, disse o porta-voz do MRE da China, Wang Wenbin.

Porta-voz do MRE da China, Wang Wenbin

*Com informações do South China Mourning Post

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