Advogado de jornalista detido: “é incompreensível a UE defender democracia na Ucrânia à custa de destruir a sua própria”

"Acho que não se trata apenas de jornalistas, mas dos direitos e liberdades de todos nós", afirmou Gonzalo Boye, que defende jornalista espanhol Pablo González, detido na Polônia

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Jornalista espanhol Pablo González (Foto: Divulgação)

Em meio à crise entre Rússia e Ucrânia, o jornalista espanhol Pablo González segue detido na Polônia, país da União Europeia (UE), acusado  de ser agente da Inteligência russa. Após 18 dias nesta situação, ele não teve permissão para se comunicar com sua defesa legal ou sua família, pois as autoridades polonesas colocaram muitos obstáculos em seu caminho. Ele é defendido pelo advogado Gonzalo Boye.

“Acho que não se trata apenas de jornalistas, mas dos direitos e liberdades de todos nós. É incompreensível que a UE considere defender a democracia na Ucrânia ao custo de destruir nossa própria democracia”, afirmou o defensor. “Com a prisão de Pablo González, a UE está renunciando a sua própria herança de direitos e liberdades, deixando as autoridades polonesas agirem como se fosse um prisioneiro de guerra”, complementou.

O jurista afirma tratar-se de “uma situação muito complexa”, já que a Polônia, país comunitário, mantém González na prisão “materialmente incomunicável” e com uma acusação contra ele de espionagem que é gravíssima “nestes tempos”.

Além disso, ele afirmou que sua equipe jurídica teve acesso a “muito pouca informação oficial”, apenas aquela que o Ministério Público polonês publicou em seu site. “A partir daí, uma série de notícias, que parece vir da Polônia, dizendo que ele teria duas identidades e que receberia dinheiro de Moscou”, acrescentou. “Pablo tem duas nacionalidades: russa por parte de pai e espanhola por parte de mãe. Na documentação russa ele aparece como Pavel e na documentação espanhola aparece como Pablo”, continuou.

De acordo com o advogado, o “problema” de Pablo é a cobertura informativa que fez no ano passado sobre movimentos sociais, reivindicações políticas e manifestações na Polônia. “E isso, em um país tão desacostumado à democracia, obviamente teve que causar um desconforto significativo”, acrescenta.