Após a China, Forças Armadas dos EUA testam armas hipersônicas, e um foguete falha

Pequim testou não uma, mas duas armas hipersônicas, diz jornal; tecnologia dificulta interceptação e pode carregar ogivas nucleares

WASHINGTON – Os programas de armas hipersônicas do Pentágono sofreram um revés nesta quinta-feira, quando um foguete que continha uma arma hipersônica sofreu uma falha, disseram pessoas informadas sobre o resultado do teste. O teste tinha como objetivo verificar aspectos de um dos veículos planadores hipersônicos do Pentágono em desenvolvimento.

O teste aconteceu dias após o Financial Times relatar que a China testou um míssil de deslizamento hipersônico, arma capaz de carregar ogivas nucleares e de evitar sistemas de interceptação. Nesta quinta-feira, o mesmo jornal britânico noticiou que as Forças Armadas da China na realidade realizaram dois testes de armas de deslizamento hipersônico, e não apenas um. Pequim nega ambos os experimentos.

Veículos de deslizamento hipersônico são lançados a partir de um foguete na atmosfera superior, antes de planar até um alvo a velocidades de mais de cinco vezes a velocidade do som, ou cerca de 6.200 quilômetros por hora.

Em uma série separada de testes conduzidos na quarta-feira, a Marinha e o Exército dos EUA testaram protótipos de componentes de armas hipersônicas. Esse teste “demonstrou tecnologias hipersônicas avançadas, capacidades e sistemas de protótipo em um ambiente operacional realista”, disse o Pentágono em um comunicado. Estes três testes foram bem sucedidos, e auxiliarão o desenvolvimento de novos armamentos, acrescentou a nota.

Os Estados Unidos têm buscado ativamente o desenvolvimento de armas hipersônicas como parte de seu Programa Convencional de Ataque Global Imediato desde o início dos anos 2000. A Marinha e o Exército devem conduzir um teste de voo de um míssil hipersônico convencional no ano fiscal de 2022, que começou em 1º de outubro.

Testes chineses

Na noite de quarta-feira, o Financial Times, citando funcionários do governo americano que não se identificaram, noticiou que em 27 de julho a China testou pela primeira vez um foguete usando um sistema de “bombardeio orbital fracionário” para lançar um “veículo de deslizamento hipersônico” (conhecido pela sigla em inglês HGV) capaz de transportar armas nucleares. Em seguida, fez um segundo teste com esse tipo de artefato em 13 de agosto. No sábado, o FT publicou que a China realizara um único teste de um HGV, no começo de agosto.

O artefato levantou preocupações em Washington de que os rivais dos EUA possam eventualmente neutralizar as defesas de mísseis do Pentágono, segundo o FT. A tecnologia, uma vez aperfeiçoada, em teoria poderia ser usada para lançar ogivas nucleares sobre o Polo Sul, desviando-se dos sistemas antimísseis americanos no Hemisfério Norte.

Ainda de acordo com o jornal britânico, os testes teriam “surpreendido” militares americanos e funcionários e Inteligência. Além disso, cientistas americanos estariam “lutando para entender” a capacidade da arma hipersônica, “que os Estados Unidos não possuem atualmente”.

Na segunda-feira, a China contestou a notícia inicial do FT sobre o teste, com o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian, dizendo que o objeto lançado ao espaço era um veículo espacial reutilizável, como os desenvolvidos por empresas privadas de foguetes como a SpaceX. O FT afirma que o veículo espacial reutilizável descrito pela Chancelaria chinesa foi testado em 16 de julho, antes dos outros dois lançamentos.

A tecnologia que os chineses negam ter testado supera os mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs), que atingem velocidade superior às de um veículo de deslizamento hipersônico, mas viajam em uma trajetória parabólica previsível. Já mísseis de deslizamento hipersônico, que voam a uma velocidade cinco vezes maior do que a do som, seguem uma trajetória plana e são mais difíceis de rastrear e interceptar, pois podem ter seu curso alterado para se desviar de defesas antiaéreas. Segundo especialistas, isso torna sua interceptação praticamente inviável com as tecnologias atualmente existentes.

Nesta quinta-feira, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, reafirmou a versão anterior do país sobre os eventos:

— Quero reiterar que este teste relatado por alguns meios de comunicação é um teste de espaçonave de rotina para verificar a tecnologia de reutilização da espaçonave — disse Wang.

Se os testes hipersônicos forem confirmados, isso aumentará as preocupações crescentes nos EUA sobre a modernização da tecnologia militar da China, particularmente de seu arsenal de mísseis, embora o número estimado de ogivas nucleares da China, 350, seja muito inferior ao americano, com cerca de 5 mil. Os testes podem sugerir que o presidente Xi Jinping pode estar explorando ataques orbitais como uma forma de conter os avanços americanos na interceptação de mísseis balísticos antes que eles atinjam o território americano.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui