Avanços tímidos no G20 esvaziam expectativas para a COP 26

Grupo das maiores economias do planeta chega à conferência do clima sem se comprometer com prazos necessários para conter o impacto das mudanças climáticas.

No que é considerado uma espécie de “esquenta” para a COP 26, que engrena nesta segunda-feira em Glasgow, líderes do G20 reunidos em Roma concordaram que o financiamento do carvão deve ser encerrado e que o aquecimento global deve ser contido a 1,5 ºC.

Os responsáveis pelas maiores economias do mundo não chegam de mãos abanando à conferência climática da ONU, mas foram vagos em seu comunicado. Não estabeleceram datas precisas e necessárias para mitigar o impacto das mudanças climáticas.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, e o premiê britânico, Boris Johnson, anfitrião do encontro de cúpula, assim como ambientalistas e ativistas, expressaram desilusão com os avanços tímidos da declaração final. Isso significa adentrar a COP 26 com a sensação de que não será em Glasgow que o planeta será salvo.

“Deixo Roma com esperanças frustradas, mesmo que não estejam enterradas”, resumiu Guterres, a caminho da cidade escocesa. Johnson também falou em fracasso e apostou que as chances de sucesso para que a conferência do clima estabeleça metas são de 6 em 10. Constatou que os países “ainda não são promissores o suficiente para restringir o aumento da temperatura global para menos de 1,5 ºC”.

O grupo reunido em Roma representa economias que emitem 80% dos gases do efeito estufa. Dos 19 países, mais a União Europeia, 12 se comprometeram com a meta de neutralizar as emissões desses gases por volta de 2050, sem especificar uma data. Grandes poluidores, China, Rússia, Índia e Arábia Saudita, por exemplo, querem empurrar o prazo para 2060.

O prelúdio em Roma mostrou os EUA, de Joe Biden, novamente engajados no cenário mundial, e o Brasil, de Jair Bolsonaro, isolado, mas esvaziou as expectativas para Glasgow.

Johnson deve abrir a conferência de duas semanas com um apelo dramático aos líderes de 120 países. Recorreu a frases de efeito para alertar sobre a urgência de medidas que evitem um desastre climático, traduzido por inundações, furacões, secas e incêndios florestais.

“A Humanidade atrasou o relógio com as mudanças climáticas”; falta um minuto para a meia-noite e precisamos agir agora”; “se Glasgow falhar, tudo falha e o Acordo de Paris terá desmoronado”, advertiu o premiê britânico, em discurso de abertura.

O tom catastrófico de última chance para salvar o mundo, contudo, é mais do que realista. A previsão atualizada da ONU é de que neste século a temperatura do planeta está a caminho de registrar o aumento médio de 2,7 ºC.

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