China ‘não será mais subjugada’, diz Xi no centenário do Partido Comunista

Em discurso com forte apelo nacionalista, presidente chinês mirou potências estrangeiras, sobretudo EUA

Em celebração do centenário do Partido Comunista da China, o presidente chinês, Xi Jinping, destacou nesta quinta-feira, 1, que o país “nunca mais voltará a ser subjugado” ou sofrerá intimidações de qualquer potência estrangeira, para aplausos das dezenas de milhares de pessoas que lotaram as arquibancadas instaladas na Praça da Paz Celestial, no centro de Pequim.

“O povo chinês se levantou. O tempo em que o povo chinês podia ser pisoteado, sofria e era subjugado acabou para sempre”, afirmou, em um discurso mirado às potências ocidentais, sobretudo os Estados Unidos, e retóricas anti-China. 

Em alerta, deixou claro que “o povo chinês nunca vai permitir que forças estrangeiras nos oprimam ou escravizem. Qualquer um que quiser isso vai quebrar a cabeça e derramar seu sangue na Grande Muralha de aço, forjada pela carne e sangue de 1,4 bilhão de pessoas”.

Programado para se estender até o fim do ano, o calendário de comemorações reprisa a ideia de que o Partido Comunista é o maior responsável pela ascensão da China à condição de superpotência, capaz de empatar economicamente com os Estados Unidos até o fim da década e, se tudo der certo, passar à frente até 2035.

Xi aproveitou a ocasião para declarar que o país conseguiu se tornar “uma sociedade moderadamente próspera em todos os níveis”, principal meta traçada em 2012 para o centenário do partido que comanda a China há quase 72 anos.

“Isso significa que alcançamos uma resolução histórica para o problema da pobreza extrema na China e agora estamos dando um passo determinado em direção ao objetivo do segundo centenário: fazer da China um grande país socialista moderno em todos os níveis”, ressaltou Xi.

O segundo centenário ao qual se refere é o da fundação da República Popular da China, que será celebrado em 2049 e para o qual essa meta de longo prazo também foi fixada no XVIII Congresso do Partido em 2012.

Em relação a Taiwan, Xi pediu “a tomada de medidas decisivas para derrotar completamente qualquer tentativa de independência” da ilha.

A respeito do futuro do Partido Comunista, afirmou que é preciso “continuar a desenvolver o socialismo com características chinesas”, que considera “um caminho chinês único para a civilização” que “criou um novo modelo para o progresso humano”. A esse respeito, afirmou que a China está disposta a “aprender todas as lições que puder com as conquistas de outras culturas” e receberá “sugestões úteis e críticas construtivas”.

“No entanto, nunca aceitaremos a palestra de quem pensa ter o direito de nos instruir”, salientou.

Xi destacou também que “o sonho chinês do grande rejuvenescimento da nação” – que definiu como “historicamente inevitável” – está mais próximo, mas observou que para alcançá-lo os chineses devem “estar preparados para trabalhar mais do que nunca”.

Celebração

A celebração do centenário na Praça da Paz Celestial foi relativamente simples para o que a China está acostumada, talvez porque em junho e ao longo deste mês, inúmeros eventos, conferências e shows foram programados em todo o país em torno do aniversário.

Já houve shows e apresentações artísticas nas principais metrópoles do país, incluindo a capital, Pequim, além de Xangai, Chongqing e Shenzen. A comemoração se estenderá ao longo de toda semana, devendo, segundo autoridades, seguir um clima “sério e solene”.

A cerimônia começou com alguns helicópteros voando sobre a praça compondo um enorme número 100 no céu, seguido por uma dúzia de aviões que deixaram um rastro de cores no ar.

Em seguida, uma centena de salvas de canhão espaçadas soaram, com o público em completo silêncio, interrompido apenas por alguns pássaros e o som das botas de um grupo de soldados dos três exércitos que desfilaram sobre um tapete vermelho que cobria o centro da praça.

Depois que as saudações cessaram, a bandeira chinesa foi hasteada e Xi começou a falar na Porta da Paz Celestial, flanqueado à sua direita pelo primeiro-ministro, Li Keqiang, e à sua esquerda por seu antecessor à frente do partido e do país, Hu Jintao.

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