Leilão do 5G no Brasil sem veto à Huawei expõe fracasso da narrativa anti-China

O edital do leilão da tecnologia móvel 5G, apresentado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) na última quinta-feira (25), representou um recuo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em suas ameaças contra a China.

Pressionado pelo governo dos Estados Unidos, ainda na gestão de Donald Trump, para estabelecer regras contra a empresa chinesa Huawei, Bolsonaro chegou a flertar com a possibilidade, mas acabou vencido pela realidade dos fatos.

A Huawei é líder global no desenvolvimento da tecnologia 5G, mais estável que as redes 4G, 3G e 2G e até cem vezes mais rápida. A empresa desponta como uma das principais fornecedoras de equipamentos para as operadoras de telecomunicações que vão disputar o leilão, previsto para ocorrer no meio do ano.

Principal parceira comercial do Brasil, a China é estratégica no fornecimento de insumos para a produção de vacinas contra a covid-19, um item de primeira necessidade no momento. Nesta quarta-feira (4), o Brasil registrou 260.970 mil óbitos e vive a pior fase da doença desde o início da pandemia.

Criar mecanismos para impedir que ela ofereça equipamentos ao setor poderia não apenas causar sérios danos na relação bilateral entre os dois países, mas praticamente inviabilizaria a adoção da nova tecnologia nos próximos anos.

Caso a Huawei fosse banida,o custo (para troca da rede) seria em torno de R$ 100 bilhões, além de atrasar a implementação do 5G em pelo menos 3 anos e custar mais de 2 milhões de empregos. Do ponto de vista econômico e tecnológico, seria uma decisão absolutamente irracional.

Apesar do edital aprovado pela Anatel não incluir restrições que poderiam atingir a Huawei, o governo ainda pode editar um decreto com esse objetivo no futuro.

As regras do leilão agora vão passar por análise do Tribunal de Contas da União (TCU), mas a palavra final é do governo federal, última etapa antes da publicação final do documento.

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