Em entrevista ao Valor Econômico, ele vê de forma cética as expectativas do Ministério da Saúde sobre a aquisição de vacinas de vários laboratórios até o fim do ano. Covas explicou que terão que dividir esforços com a vacina da gripe neste mês de abril. Por isso, a produção de doses entregues contra a covid-19 deve ser de 10 milhões — menos que a metade que foi entregue em março.
O diretor do instituto afirma que há o planejamento para iniciar a operação a fábrica da Coronavac no Butantan em janeiro do ano que vem. Isso faria com que o Brasil tivesse a própria produção de IFA, utilizado para a fabricação das vacinas. Segundo ele, o país tem como plano B a Butanvac, vacina que está sendo desenvolvida pelo Instituto com ajuda da Escola de Medicina Icahn do Instituto Mount Sinai, nos Estados Unidos.
Mesmo assim, o diretor não se mostra tão otimista quanto o Ministério da Saúde e admite que conseguir um número grande de vacinas em pouco tempo não é fácil. “Não adianta hoje o ministério falar que precisa, precisa, precisa de vacina. O ministério está tendo dificuldade de arrumar vacinas e não é só a do Butantan, está com dificuldades em relação a todas as vacinas exatamente por isso, todo mundo já se comprometeu, todos têm seus compromissos e estão cuidando de manter esses compromissos.”
Dimas Covas ainda criticou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e disse que ele faz “darwinismo social”. “Expõe as pessoas ao vírus: os resistentes sobrevivem e os outros morrem.”
Ainda bastante cético, o diretor do Instituto Butantan acredita que abril vai ser um mês dramático para o Brasil. “Os próximos 15 dias serão muito dramáticos. Veja, há uns 20 dias, parece que ninguém imaginava que iríamos checar à casa dos 3.000 mortos por dia. Os especialistas apontavam que estávamos caminhando disso, mas a opinião geral da população não era essa. E então cruzamos a casa dos 2.000, já passamos na casa dos 3.000, estamos indo para os 4.000 e vamos chegar a 5.000 mortes por dia”, afirmou ao jornal.