Nicole Silveira mata saudades do Brasil, retorna à enfermagem e revela o que precisa fazer para tentar o top 5 no skeleton

Dona do segundo melhor resultado do Brasil em Jogos Olímpicos de Inverno, a brasileira curte seu país natal antes de voltar ao Canadá para retomar a rotina como enfermeira e o planejamento para Milano Cortina 2026. Confira a entrevista exclusiva para o Olympics.com.

Enfim, Nicole Silveira está conseguindo curtir uma praia, tomar açaí e água de coco. É uma recompensa justa após se tornar a dona do segundo melhor resultado do Brasil em Jogos Olímpicos de Inverno, com o 13º lugar no skeleton em Beijing 2022. E ela fez isso apenas três anos e quatro meses após começar a praticar o esporte.

No início de março, Nicole retorna ao Canadá, onde vive desde os sete anos de idade, para retomar seu trabalho como enfermeira. Mas o trabalho rumo a Milano Cortina 2026 já está em sua mente. Confira a entrevista exclusiva da “braba do gelo” do Brasil ao Olympics.com, levemente editada por clareza e brevidade.

Olympics.com (OC): Há quanto tempo você não visitava o Brasil? Como está sendo voltar depois de tanto tempo?

Nicole Silveira (NS): Faz seis anos. Vim para São Paulo e para o Rio pela primeira vez. Eu sou do Rio Grande do Sul, então só ia para lá. É muito bom estar de volta em um lugar que eu falo a língua, porque estava só ouvindo alemão, francês, línguas que eu não entendo.

OC: Tem algo específico que você gostou de relembrar?

NS: Eu vejo nos cardápios bauru, açaí, pão de queijo. Quando eu cheguei já me deram um chimarrão. Tudo isso me lembra da infância.

OC: E como vai ser seu retorno ao Canadá?

NS: Vou voltar para o trabalho [na enfermagem], porque faz quase seis meses que estou fora. Trabalho por uns nove dias, depois treino skeleton em Whistler por duas semanas. Vamos testar equipamento para a próxima temporada e avaliar algumas coisas. Depois finalmente vou ter férias e volto para o trabalho.

OC: Então você permanece na enfermagem?

NS: Sim. Infelizmente ainda não tenho patrocínio grande o suficiente para ter uma vida só de atleta. Mas eu amo ser enfermeira, então largar não é o plano. Idealmente eu gostaria de trabalhar menos e focar mais nos treinos, também encontrar outros atletas para iniciar no esporte. Por enquanto, sigo o rumo.

OC: Qual foi o maior aprendizado que você teve em Pequim?

NS: Acreditar em mim mesma. Vi nomes de atletas que estão no esporte há tanto tempo, com medalhas, grandes resultados, e cheguei nos Jogos Olímpicos e terminei à frente delas. Aprendi que eu mereço estar lá, que posso ser competitiva.

Quando falei há quatro anos que queria classificar [para os Jogos Olímpicos], as pessoas achavam difícil, porque eu estava começando. Não só classifiquei, como tive um bom resultado.

OC: No primeiro treino oficial, você chegou a ficar em quarto lugar. Acha que com os treinos e as descidas da competição, as atletas mais experientes foram se ajustando?

NS: Sim, é uma questão de eu ter menos experiência. A pista era realmente difícil, mas eu preciso de mais descidas para ajustar os detalhes do que elas. O bom é que eu não encarei como os Jogos Olímpicos, mas como outra etapa de Copa do Mundo, porque as atletas eram as mesmas. Eu não tinha muita pressão.

OC: O seu relacionamento com a Kim Meylemans (BEL) acabou repercutindo muito na mídia, e em um momento ruim para ela e bom para você [a belga terminou em 18º]. Como vocês lidaram com isso?

NS: Tive que achar um equilíbrio entre ficar feliz por mim e triste por ela. Mas já aconteceu outras vezes de ser o contrário, então sabemos lidar com isso. Ela é uma pessoa muito forte. Eu consegui estar ali naquele momento por ela, mas certas coisas você precisa lidar sozinha. Aconteceu que ela deu entrevista do meu lado. Ela conseguiu deixar a tristeza de lado e celebrar o meu momento. Eu a admiro demais.

OC: O que você acha que poderia ser feito a mais para poder alcançar um top 5 em Milano Cortina 2026?

NS: Eu e meu treinador [Joseph Cecchini] tínhamos um plano e fomos bem além da meta. Agora falamos que precisamos buscar três décimos para esse top 5. Um décimo vem na parte física, outro nas descidas e outro tendo um equipamento mais avançado e cortes certos de lâmina.

Para saber os cortes certos da lâmina, precisamos fazer testes. Se a lâmina não for boa no teste, joga fora. Tudo isso demanda muito dinheiro. Precisamos disso para lutar contra quem tem essa estrutura, como a Alemanha. É um esporte muito caro. Cada descida também tem um custo. Mas é só o começo e tenho muito espaço para melhorar.

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