Objetivos conflitantes da China abalam mercado de commodities

China busca reduzir emissões de carbono e economizar eletricidade ao mesmo tempo que busca garantir o crescimento econômico

As medidas da China para encontrar o equilíbrio entre uma série muitas vezes conflitante de objetivos ambientais, econômicos, sociais e geopolíticos são aplicadas em mercados globais de commodities cada vez mais imprevisíveis.

A China, maior consumidor mundial de matérias-primas e grande produtora de algumas delas, busca reduzir as emissões de carbono e economizar eletricidade, ao mesmo tempo que busca garantir o crescimento econômico.

Também tenta despoluir o setor de refino de petróleo, melhorar a segurança em minas e não descarta usar a política comercial para fins geopolíticos, como em sua proibição das importações de carvão australiano.

O problema é que muitas dessas políticas têm reduzido a oferta de commodities e elevado os preços, tornando a meta do governo de controlar a inflação muito mais difícil.

As medidas mostram impactos diferentes nos mercados: os preços do minério de ferro despencaram com o corte da produção de aço, as cotações do carvão deram um salto devido às políticas de segurança em minas e à disputa com a Austrália, enquanto o alumínio, com uso intensivo de energia, subiu para o maior nível em 10 anos em meio à iniciativa de economizar eletricidade.

Carvão

A commodity que melhor representa o ato de equilíbrio ambiental e econômico é o carvão, que responde por mais da metade da energia e pela maior parte da geração de eletricidade na China.

É também o combustível fóssil mais poluente e o que mais contribui para as emissões do país. Limitar o uso do carvão é a melhor maneira de cumprir os compromissos necessários para limitar o aumento da temperatura global.

Mas o governo de Pequim não tem adotado essa política, ou pelo menos não tão rápido como deveria. O presidente Xi Jinping espera que o consumo cresça até 2026, enquanto estatais e governos provinciais continuam aprovando novas usinas movidas a carvão.

Ao mesmo tempo, líderes da China deixaram claro que o combustível precisa ser erradicado até 2060, e há sinais – incluindo a suspensão em julho de um projeto de US$ 19 bilhões de uma usina de conversão de carvão em produtos químicos – de que levam a meta a sério.

Mas o aumento dos preços domésticos do carvão para nível recorde neste ano não está exatamente incentivando mineradoras a produzirem menos.

A recuperação econômica do impacto da pandemia, a proibição das importações australianas e as medidas de segurança em minas chinesas contribuíram para o rali.

Limites para o aço

A China parece mais determinada, pelo menos no curto prazo, a cortar as emissões da indústria siderúrgica, que é altamente poluente. O governo de Pequim quer limitar a produção deste ano abaixo do nível em 2020, mas o volume produzido subiu para uma máxima histórica no primeiro semestre.

Isso indica queda de 11% com relação ao ano anterior nos últimos seis meses do ano. E em um sinal de que o governo leva o objetivo a sério, províncias importantes de produção de aço, como Guangxi e Sichuan, intensificam as medidas para reduzir as operações.

A pressão sobre a indústria do aço atingiu o mercado por causa do principal insumo. O fato de o minério de ferro ter despencado cerca de 50% desde meados de julho sinaliza que investidores acreditam que o governo vai cumprir a meta.

Embora possam sofrer um grande choque se o crescimento econômico for priorizado. Como os preços do aço conseguiram se manter em alta, as políticas do governo de Pequim resultaram em ganhos para siderúrgicas globais como Nippon Steel.

Alumínio

O dilema do alumínio na China ficou claro na semana passada em meio às restrições à produção em um polo importante, o que impulsionou os preços futuros no mercado chinês ao maior nível desde a crise financeira global.

A produção de alumínio requer um alto consumo de energia, principalmente a carvão, de modo que a indústria é um alvo importante da campanha para reduzir as emissões e aumentar a eficiência energética.

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