PGR pede abertura de inquérito contra Bolsonaro

A Procuradoria-Geral da República pediu nesta sexta-feira (2) a abertura de um inquérito contra o presidente Jair Bolsonaro por prevaricação nas negociações para a compra da vacina indiana Covaxin.

A decisão é fruto de uma notícia-crime contra Bolsonaro apresentada pelos senadores de oposição Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Fabiano Contarato (Rede-ES) e Jorge Kajuru (Podemos-GO).

Eles se baseiam no depoimento do servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda à CPI da Covid no Senado. Segundo Luis Ricardo, ele sofreu pressão “incomum” para finalizar a tramitação da compra da Covaxin, produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech, mas vendida ao Brasil por meio da intermediária Precisa Medicamentos.

Além disso, o deputado Luis Miranda (DEM-DF), irmão do servidor e que também depôs à CPI, disse ter denunciado as suspeitas de irregularidades ao próprio Bolsonaro ainda em março, mas o presidente não teria tomado nenhuma atitude – prevaricação é o crime praticado pelo agente público que deixa de realizar ato de ofício, como denunciar casos de corrupção.

“Em resposta à nossa notícia-crime, a PGR pediu a abertura de inquérito no STF para investigar o presidente por prevaricação no caso das denúncias de irregularidades na compra da Covaxin. A CPI já apresenta resultados claros!”, escreveu Randolfe, vice-presidente da comissão parlamentar, no Twitter.

A Covaxin é a vacina anti-Covid mais cara contratada pelo governo Bolsonaro, embora não tenha aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nem da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O contrato prevê a aquisição de 20 milhões de doses por R$ 1,6 bilhão (R$ 80 por dose), e o dinheiro já foi empenhado, ou seja, não pode ser usado para outro fim, embora ainda não tenha sido repassado à Precisa Medicamentos.

Inicialmente, a PGR havia pedido a Rosa Weber, relatora da notícia-crime no Supremo Tribunal Federal, para aguardar a conclusão da CPI antes de solicitar ou não a abertura do inquérito, mas a ministra desconsiderou o argumento e cobrou uma posição da Procuradoria.

O vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, deve pedir agora os depoimentos do presidente Bolsonaro e dos irmãos Miranda (ANSA).

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