Reunião Xi-Putin antes de Lula ir à China dá peso à viagem; MRE chinês posta sobre visita do Brasil

Mesmo encontrando Biden, Lula saiu sem acordo e teve uma recepção fria na Casa Branca. Do lado chinês, a tendência é capitalizar a fraca recepção e oferecer uma pomposa acolhida com negócios à vista. Com a viagem de Xi à Rússia antes da ida do brasileiro, a temperatura geopolítica da visita de Lula se eleva.

Faltando menos de duas semanas para viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China e, conforme a data se aproxima, mas detalhes da viagem são revelados e demonstram que, do lado chinês, a expectativa é grande para receber o chefe de Estado brasileiro.

De acordo com a coluna de Jamil Chade no UOL, Pequim está preparando uma “operação sedução” e está impressionando até mesmo diplomatas experientes. Para alguns deles, será uma viagem repleta de “imagens”, “simbolismo” e “cenários cinematográficos” para os mais de 240 políticos, diplomatas e empresários brasileiros.

A investida chinesa também chega com intensidade após a visita de Lula à Casa Branca, na qual o mandatário não ganhou o tratamento que sua administração esperava por parte de Joe Biden, segundo a mídia.

Nos EUA, o presidente não foi homenageado em um jantar, almoço ou nem mesmo em uma recepção. Tampouco houve uma coletiva de imprensa conjunta. Mas, acima de tudo, não houve anúncio de novos recursos para a Amazônia e nem acordos assinados, portanto, os chineses estariam ligados em capitalizar a “secura” norte-americana com o Brasil.

Ainda de acordo com a mídia, Pequim sabe que Lula vai defender a multipolaridade e que a orientação do Itamaraty é de que não haverá aliança automática com ninguém.

Junto a isso, os chineses estão conscientes que uma das estratégias do governo brasileiro é a de fortalecer relações com Europa, América Latina, África e Oriente Médio, justamente para impedir que o mundo seja dividido entre duas áreas de influência hegemônicas: China e EUA.

Adicionalmente, a notícia agora pouco confirmada de que o presidente chinês, Xi Jinping, vai à Rússia na semana que vem para encontrar seu colega Vladimir Putin eleva a temperatura geopolítica da visita que Lula fará à China poucos dias depois, analisa Marcelo Ninio em O Globo.

Segundo o jornalista, a ideia do presidente brasileiro de criar um “clube da paz” para facilitar o fim do conflito poderá ser discutida em bases mais sólidas e realistas, em sintonia com as informações colhidas por Xi em suas conversas com Putin.

Quase ao mesmo tempo em que se confirmava a viagem de Xi a Moscou, a porta-voz da diplomacia chinesa, Hua Chunying também anunciava oficialmente as datas da visita que o presidente Lula fará à China, entre 26 e 31 de março.

Nesta sexta-feira (17) no Twitter, Hua postou em inglês e português que “a visita do Presidente Lula elevará a nossa parceria a um novo patamar”.

Na viagem de Lula a Pequim, alguns assuntos já foram ventilados que estarão na pauta, como o desenvolvimento do 6º satélite do Programa de Satélites de Recursos Terrestres (CBERS) entre Brasil e China.