Temor de fuga de investidor estrangeiro abala mercados na China

A onda vendedora de ações de empresas chinesas na mira do governo de Pequim se espalhou para os mercados de títulos e de câmbio na terça-feira em meio a rumores de que fundos dos Estados Unidos estão se desfazendo de ativos da China e de Hong Kong.

O temor de que os EUA também poderiam restringir investimentos na China e em Hong Kong foi outro fator de pressão nas negociações no final da tarde na Ásia, o que voltou a acelerar as vendas.

O índice Hang Seng Tech, um indicador de empresas chinesas listadas em Hong Kong, chegou a cair 10%, enquanto o yuan atingiu a menor cotação desde abril em relação ao dólar. Nem mesmo os títulos chineses escaparam da onda de vendas.

A turbulência destaca o impacto da investida regulatória do governo chinês na confiança dos investidores. Operadores temem que as recentes restrições da China aos setores de educação, entrega de alimentos e imobiliário possam se expandir para outros segmentos como saúde em meio ao objetivo do governo de aumentar o controle sobre as big techs e reduzir a desigualdade de riqueza.

Para Terence Wu, estrategista de câmbio do Oversea-Chinese Banking em Singapura, o fato de a onda vendedora ter atingido o yuan sinaliza que o mercado está ainda mais preocupado.

Investidores de alguns dos setores mais vibrantes da China – como tecnologia e educação – sentiram a pressão do governo de Pequim, que tenta controlar empresas privadas sob o argumento de que seriam responsáveis por agravar a desigualdade, aumentar o risco financeiro e desafiar as autoridades.

A aparente aceitação de perdas de curto prazo para acionistas em busca dos objetivos socialistas de longo prazo da China é um balde de água fria para investidores.

“A principal preocupação agora é se os reguladores tomarão mais medidas e expandirão a repressão a outros setores”, disse Daniel So, estrategista da CMB International Securities. “Questões regulatórias serão a principal preocupação do mercado no segundo semestre.”

Ações de tecnologia e educação recuaram mais uma vez na terça-feira, enquanto papéis do setor imobiliário também registraram perdas. A ação da Tencent Holdings se desvalorizou 9%, a maior baixa em cerca de uma década. O braço de música da empresa desistiu de direitos exclusivos de streaming e foi multado.

Além disso, a plataforma de rede social WeChat da Tencent suspendeu a inscrição de novos usuários durante a “atualização técnica de segurança”, de acordo com leis e regulamentos relevantes.

O papel da Meituan teve queda recorde, de 18%, à medida que investidores avaliam as novas regras para plataformas de comida online.

O índice Hang Seng caiu 4,2%, elevando a perda de dois dias para 8,2%, a maior desde a crise financeira global.

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